Durante gerações, muitas mulheres cresceram ouvindo que “sentir dor na menstruação é normal”.
Essa ideia, passada de mãe para filha, de amiga para amiga, criou uma cultura de resistência e silêncio, onde a dor intensa foi minimizada ou até romantizada como parte natural do ciclo feminino.
Mas será que isso é realmente normal?
A resposta é simples: não.
A cultura de aguentar a dor
Essa crença de que cólicas fortes fazem parte da vida atrasa, em média, de 7 a 10 anos o diagnóstico de condições como a endometriose.
Isso acontece porque, ao aceitar a dor como algo “comum”, muitas mulheres deixam de buscar atendimento médico especializado.
O resultado?
Sofrimento prolongado, impacto na qualidade de vida e evolução de doenças que poderiam ter sido diagnosticadas e tratadas mais cedo.
Dor intensa nunca deve ser ignorada
A dor menstrual considerada “normal” é aquela leve ou moderada, que não impede atividades diárias e melhora com medidas simples, como repouso ou analgésicos comuns.
Já a dor incapacitante, que impede de trabalhar, estudar ou realizar tarefas do dia a dia, merece atenção e investigação.
Ela pode estar associada a:
Endometriose;
Adenomiose;
Miomas;
Infecções pélvicas;
Alterações hormonais importantes.
Por que tantas mulheres acreditam que é normal?
Existem fatores históricos e culturais por trás desse mito.
Muitas vezes, meninas adolescentes já começam a apresentar sintomas, mas ao compartilhar com familiares, ouvem frases como “todas nós passamos por isso” ou “com o tempo melhora”.
Esse silenciamento faz com que sintomas importantes sejam ignorados e doenças progridam.
Consequências de ignorar a dor
Normalizar a dor intensa não só atrasa o diagnóstico, como pode levar a complicações sérias. No caso da endometriose, por exemplo, o atraso no tratamento pode causar infertilidade, dor crônica e lesões mais extensas que exigem cirurgias complexas.
O que fazer ao sentir dor menstrual intensa?
Observar os sintomas: anote quando a dor aparece, sua intensidade e se vem acompanhada de outros sinais, como sangramento intenso, dor durante relações sexuais ou alterações intestinais/urinárias.
Buscar um ginecologista especializado: o diagnóstico correto depende de escuta atenta e, quando necessário, exames específicos.
Não se automedicar: o uso contínuo de analgésicos sem acompanhamento pode mascarar sintomas e dificultar o diagnóstico.
Entender que sentir dor não é normal: a informação é o primeiro passo para quebrar esse ciclo.
Sentir dor menstrual intensa não é normal, e acreditar nesse mito só prolonga o sofrimento. Toda dor incapacitante merece ser investigada: não é frescura, exagero ou “coisa da sua cabeça”.
Buscar ajuda especializada é um ato de autocuidado e pode transformar não só sua saúde, mas também sua qualidade de vida.